Ranking: os lugares que mais acumulam plásticos no corpo humano 1m5y3t
Uma pequena proporção do que é consumido fica acumulado no corpo, mas concentração varia a depender do órgão 5p2m1g

Microplásticos definitivamente são um assunto do momento: descobertos há não mais do que duas décadas, eles começaram a ganhar as manchetes quando estudos aram a mostrar que eles estão acumulados em vários órgãos do corpo humano. Mas qual será o local afetado? Em que quantidade? E mais importante, qual o verdadeiro risco?
Para responder essas perguntas, a equipe do WellnessPulse reuniu os artigos científicos mais recentes sobre o tema. O que eles viram foi que, nos Estados Unidos, um indivíduo consome 2,87 quilogramas de microplásticos a cada década, o que significa que um americano médio, aos 39 anos de idade, já ingeriu cerca de 11 quilogramas de plástico.
É importante ressaltar, contudo, que nem todo o plástico ingerido é absorvido pelo corpo. Na verdade, a maior parte é eliminada, de maneira que, em média, apenas 0,11 gramas seja depositada no corpo a cada década – assim, são necessários 50 anos para que uma quantidade equivalente a um canudo de plástico se acumule no corpo humano.
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É claro que essa quantidade pode variar a depender da localidade, da alimentação e do nível de poluição ambiental, mas a distribuição no corpo não deve variar muito. A pesquisa levantou mais de 20 estudos diferentes e observou que o acúmulo é diferente a depender do órgão. Depois da corrente sanguínea, o cérebro é o órgão que mais acumula esses componentes, como já havia sido mostrado por reportagem de VEJA.
A seguir, os órgãos mais afetados e a proporção aproximada de plástico em um cidadão médio, em miligramas de plástico para cada grama de tecido:
- Sangue: 1,6 mg/g
- Cérebro: 0,0374 mg/g
- Testículo: 0,0325 mg/g
- Placenta: 0,0195 mg/g
- Tonsilas (amígdala): 0,0169 mg/g
Quais os efeitos dos microplásticos na saúde? 23b1w
Até agora, um número muito pequeno de pesquisas avaliou o impacto dos nano e microplásticos na saúde, mas algumas evidências dos impactos desses elementos no corpo já começam a aparecer. A presença em placas sanguíneas já foi associada a maior risco cardiovascular, enquanto estudos com pessoas diagnosticadas com demência mostraram concentrações cerebrais 10 vezes maiores do que em pessoas sem a condição.
Apesar da falta de explicações conclusivas, há uma preocupação: além dos perigos potenciais do próprio plástico, esses elementos podem absorver poluentes atmosféricos e carregá-los para o corpo, aumentando os riscos de intoxicação. E aqui, um agravante: plásticos biodegradáveis, cada vez mais comuns, têm o potencial de gerar ainda mais microplásticos, além de aderirem com maior facilidade a tecidos biológicos.
Por enquanto, mais pesquisas precisam ser feitas para que os efeitos sejam completamente elucidados, mas os resultados preliminares não são nada animadores.
Qual a origem dos microplásticos? 3d2a36
Essas partículas podem ter origem direta de produtos comerciais, como cosméticos esfoliantes, mas também podem se desprender de materiais plásticos como roupas, embalagens alimentares, brinquedos e eletrodomésticos. Além disso, elas podem ser geradas a partir da decomposição ou do processamento do plástico convencional, inclusive na reciclagem. Um problema é resolvido, mas gera outro, cujas consequências ainda são grandemente desconhecidas.
Isso ficou evidente em uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Espírito Santo. Por lá, o Laboratório de Biologia Costeira e Análises de Microplásticos, liderado pela bióloga Mércia Barcellos da Costa, utilizou teias de aranha para avaliar a presença desses contaminantes no ar da instituição.
O que eles viram foi que um dos locais era mais afetado do que outros. “Esse ponto se localiza junto a uma usina piloto de reciclagem de plásticos, onde rejeitos de plástico são triturados e transformados em uma resina a ser usada para suprimir a liberação de poeira dos estoques de minério e carvão em áreas industriais”, explicou a pesquisadora a VEJA. “Embora essa atividade contribua com a retirada de resíduos plásticos do ambiente, o processo se mostrou uma importante fonte de microplásticos atmosféricos.”
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Para tentar minimizar esse problema, uma série de pesquisas têm sido desenvolvidas no país. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por exemplo, um trabalho conduzido pelo engenheiro Paulo Augusto Marques Chagas utilizou nanotecnologia para desenvolver um filtro veicular capaz de barrar esses pequenos pedaços de plástico presentes no ar, enquanto duas outras investigações, uma na Universidade de São Paulo (USP) e outra no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), desenvolveram equipamentos para remover esses elementos microscópicos da água.
Mas será possível resolver esse problema na origem? Para os pesquisadores, é unânime: é preciso eliminar os plásticos. Hoje, é impossível imaginar qualquer sociedade sem esse polímero, mas os especialistas defendem que pelo menos os de uso único, como as embalagens de frutas, as sacolas de supermercado ou até mesmo as garrafas descartáveis de água e refrigerante, sejam excluídas do nosso dia a dia.