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Cinco coisas que você acha que sabe sobre HIV – mas precisa repensar 6x7146

Novas infecções precisam ser evitadas, mas vírus não impede que o indivíduo tenha uma vida normal 382c29

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 jun 2025, 17h00

A epidemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV) já dura mais de quatro décadas, com cerca de 46 mil novas infecções registradas apenas no Brasil, em 2023. Apesar da dificuldade em encontrar uma cura ou uma vacina, a realidade de quem vive com o vírus é muito diferente da observada no século ado. 

A infecção não deixa de ser preocupante: quando não tratada, a doença é extremamente debilitante, mas essa é a realidade de uma minoria dos pacientes. Hoje, estima-se que mais de 80% dos brasileiros infectados estejam em tratamento – desses, 95% têm pouquíssimos vírus no corpo, o que faz com que eles sejam incapazes de transmitir a doença

Diferente do que acontecia nos primeiros casos de infecção, quem tem o vírus não precisa mais tomar os chamados coquetéis. Bastam um ou dois comprimidos por dia para que o indivíduo tenha uma vida tão saudável e plena quanto a de qualquer outro cidadão. Apesar disso, muitas informações incorretas sobre a doença continuam presentes no imaginário popular. Abaixo, VEJA destaca algumas delas.

O HIV atinge apenas pessoas de “grupos de risco”? n1f25

Hoje, especialistas não falam mais em grupos de risco, mas em comportamentos de risco. “Hoje o termo correto é ‘exposição de risco’, ou seja, situações em que há maior chance de contato com o vírus, como sexo sem proteção ou o uso compartilhado de seringa”, afirma Alexandre Naime Barbosa, Chefe do Departamento de Infectologia da Unesp. “O HIV pode atingir qualquer pessoa que tenha exposição ao vírus, independentemente da orientação sexual, identidade de gênero, idade ou condição social.”

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É fato que alguns grupos são mais atingidos do que outros, mas porque estão em posições de menor assistência à saúde ou maior estigma. De acordo com dados do Ministério da Saúde, dos mais de 380 mil casos registrados desde 2007, 70% ocorreram em homens e 23% ocorreram em jovens de 15 a 24 anos de idade. Homens que fazem sexo com homens e pessoas trans também são desproporcionalmente afetadas. 

Isso não quer dizer, contudo, que esses grupos são os únicos que precisam tomar cuidado.  Na última década o número de diagnósticos em pessoas com mais de 60 anos, por exemplo, quadruplicou. Apenas em 2023, mulheres com mais de 50 representaram mais de 21% dos novos casos entre o sexo feminino, enquanto entre os homens esse número foi de 9%. 

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Isso significa que a proteção – e a testagem constante – deve ser adotada por todos. Qualquer pessoa sexualmente ativa está suscetível a ser infectada. 

A camisinha é a única maneira de prevenir a infecção? 5q3db

Por muito tempo o uso de preservativo foi o único método para proteger contra a infecção, mas isso já não é mais realidade. Há mais de uma década, farmacêuticas desenvolveram as chamadas profilaxia pré-exposição e profilaxia pós-infecção.

Elas servem como uma maneira de barrar o vírus. A profilaxia pós-exposição (PEP) pode ser utilizada até 72 horas após uma possível exposição ao virus – sexo sem camisinha, ou perfuração com agulhas usadas, por exemplo. Já a pré-exposição (PrEP) pode ser utilizada diariamente ou sob demanda por indivíduos que saibam que vão viver uma experiência de risco. 

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Embora ainda não existam vacinas contra o HIV, esse tipo de medicamento tem se mostrado altamente efetivo, com eficácia de mais de 90% na prevenção de novos casos, se usado corretamente. Em 2025, ainda chegará ao Brasil uma versão da PrEP que pode ser istrada a cada 2 meses, dispensando a necessidade dos comprimidos diários. “A  camisinha continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenir o HIV, mas não está sozinha”, diz o médico. 

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A PrEP é apenas para “grupos de risco”? 4y2x1t

Por algum tempo, a PrEP foi voltada apenas para populações mais vulneráveis, mas hoje isso não é mais realidade. “O medicamento é indicado para qualquer pessoa que tenha uma vida sexual com chances maiores de exposição ao HIV”, afirma Barbosa. “Isso vale, por exemplo, para quem tem múltiplos parceiros, não usa camisinha com regularidade ou está em um relacionamento sorodiferente, ou seja, em que uma pessoa vive com HIV e a outra não.”

Outro fator importante de aderir a esse tipo de prevenção é a testagem. Além de ser preciso fazer o teste para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) antes de começar a tomar o medicamento, pessoas que usam os comprimidos diários repetem os testes a cada três ou quatro meses. Essa é uma maneira de monitorar outras ISTs e evitar efeitos colaterais graves. 

“Tomar PrEP não deveria ser visto com desconfiança, e sim com iração”, afirma o médico. “É como usar cinto de segurança mesmo sem estar em um acidente, ou tomar uma vacina antes de adoecer. A pessoa que faz uso da PrEP está sendo proativa, consciente e corajosa, inclusive por enfrentar esse preconceito ainda tão presente.’

É arriscado fazer sexo com pessoas com HIV? 704y2p

Casais sorodiscordantes, quando um vive com HIV e outro não, podem fazer a chamada prevenção combinada. “É como uma mandala de proteção”, diz Barbosa. “Cada medida tem seu papel, e quando combinadas, formam um escudo muito mais completo.”

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Isso acontece porque o tratamento contínuo é capaz de suprimir a carga viral do paciente, de modo que ele não seja capaz de ar o vírus para outras pessoas mesmo que o sexo seja desprotegido. A combinação entre o tratamento por parte da pessoa que tem o vírus e o uso de PrEP e camisinha pela pessoa que não tem torna a transmissão praticamente impossível. 

A testagem constante, o diálogo aberto, o uso individual de seringas e o o à informação de qualidade também são fatores importantes para evitar novas infecções. 

Pessoas com HIV podem ter filhos? s5b5k

Absolutamente. Dados divulgados nesta terça-feira, 3, pelo Ministério da Saúde mostram que apenas 2% das mães portadoras de HIV am o vírus para os filhos – os números de 2023 mostram que a incidência de HIV em crianças foi menor que 0,5 para cada mil nascidos vivos. 

“Se a gestante está em tratamento e mantém a carga viral indetectável, as chances de transmissão para o bebê são nulas”, diz Barbosa. “Em muitos casos, o parto é planejado para reduzir ainda mais o risco, e há orientações específicas quanto à amamentação, dependendo do contexto clínico e dos recursos disponíveis.”

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Para isso, contudo, é preciso que toda a população se teste com frequência. “É totalmente possível que uma pessoa tenha HIV e não perceba.”, alerta o médico. “O vírus pode ficar sem causar sintomas por muitos anos, mesmo enquanto já está se multiplicando no organismo e afetando o sistema imunológico.”

A testagem constante, mesmo no caso de pessoas vivendo em relacionamentos fechados, permite que o diagnóstico seja feito precocemente, aumentando a qualidade de vida e a taxa de sucesso do tratamento. “Definitivamente, não. HIV não é mais uma sentença de morte, e essa é uma das maiores vitórias da medicina nas últimas décadas”, afirma Barbosa.

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